Falando sobre a corrupção em geral, e falando de Portugal em particular, e em particular dos negócios sujos que proliferam desde a economia à política até ao futebol, trago um singelo provérbio que poderá ajudar no acelerar dos processos judiciais:
- Tanto peca o que segura o saco como o que para dentro mete
quarta-feira, 19 de novembro de 2014
Provérbio na barra do tribunal
Quem prova provérbios gosta de aliterações
terça-feira, 4 de novembro de 2014
Provérbio provado endinheirado
Ora
bem, o início desta história dá-se com esta escriba começando
por confessar que a escutou como verdadeira. Não vão os caros
leitores pensar que a inventou: apenas a adulterou e
acrescentou o seu cunho em certas partes, na sua forma idealizada de
como se recorda de a ter ouvido.
Começamos
então por cerca dos anos 30, 40, do século passado, quando a Dona
Elvira, residente numa freguesia encavalitada nos montes lá para os
lados da Lousã, acolheu três padres – costume típico na época –
que vinham de pregar de outra freguesia. A tia Vira, assim conhecida
pelos vizinhos, cedeu aos padres uma casa vazia que tinha à beira da
estrada. Dizia-se na aldeia que os padres vinham fugidos do Brasil e
de certeza traziam nos bolsos uma invulgar fortuna, pois ergueram nos
anos seguintes uma tal igreja como a não tinha a sede de concelho, e
organizavam festas tais que vinha povo das aldeias mais longínquas
assistir às procissões, bailaricos e foguetórios.
Foram
passando os anos nesta história, até que o destino dos padres se
foi desenrolando. Um deles acabou por regressar ao Brasil e por lá
morreu às mãos de com quem tinha contas a ajustar e o quis apanhar;
um outro foi morto naqueles caminhos sombrios da aldeia, numa noite
sem luar, à navalha e à sucapa que é como actuam os bandidos; o
último morreu de velho, pois se já não era novo quando chegou,
assim ficou meio apatetado e sem conhecimento da realidade.
Aqui se recapitulam os factos: os padres vieram e foram, tia Vira já
morreu sem herdeiros directos, a casa foi cedendo sem mais préstimo
e um dia o telhado ruiu...
E
recomeçamos mais tarde, já nos anos 80, quando a Câmara Municipal
resolve mandar limpar os caminhos das estradas nacionais. Abrir
valas, cortar mato, desbastar silvas, trabalho duro de limpeza em
que, numa tarde de suor, encontramos três funcionários trabalhando
junto à casa quase desfeita à beira da estrada. Já não sabem se é
do excesso de calor ou são os pontos luminosos da casa que brilhando
ao sol quase os cegam. Acercam-se e encontram caixas já desfeitas
que haviam resvalado do sotão quando o telhado abateu. Um tesouro
inominável, diz-se, porque ninguém o viu: moedas de ouro e de prata
e jóias em grande quantidade. O saque dos padres portugueses no
Brasil.
Os
herdeiros indirectos, atiçados pela história que se contava,
apresentaram queixa na polícia, onde um basbaque cofiando a bigodaça
tomou notas e garantiu que os trabalhadores iam ser “espremidos”
para falarem. Que sumo foi esse não se sabe, mas a coisa foi
arquivada por falta de provas.
O
tesouro ficou na imaginação das gentes e nunca nada foi encontrado
na posse destes três homens. Até que um belo dia, um deles comprou
uma moto potente e espetou-se numa curva apertada dos montes; o outro
comprou um carro de alta cilindrada que enfiou numa árvore na sua
primeira ida a Coimbra; o terceiro vive amargurado, e nem à
boleia... só de comboio.
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Dinheiro de padre e brasileiro não chega a terceiro
Quem prova provérbios gosta de aliterações
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