O tédio entrou no mundo
Pela mão da prima preguiça
Ambos criam um pano de fundo
Que nenhuma vontade cobiça
A pessoa não está satisfeita
Nem sequer com a terra inteira
E por isso o tédio é maleita
É uma doença verdadeira
Ele é a expressão suprema
De uma indiferença total
Ignorando que haja problema
Por ser tão superficial
E esse aparente prazer
Não passa de um paliativo
Pois apenas sabe suspender
O que seria imperativo
Todo aquele que se aborrece
No planeta em que habita
Passa a vida num tipo de prece
Que busca a estrela mais bonita
O tédio inventou as apostas
E todas as demais distrações
Atirando para trás das costas
O amor e outras emoções
Ele acaba por ser a desgraça
De quem estava realizado
Entretanto por mais que faça
Não deixa de estar enfadado
É de efectiva importância
Que possa encontrar um remédio
Que controle bem a abundância
Que dá sempre origem ao tédio